Portugal conseguiu um aumento de quota para o atum voador, mas o patudo, o que mais interessava aos Açores, mantém a quota.
Portugal conseguiu ontem no Conselho de Ministros de Agricultura e Pescas da União Europeia um aumento de 25% da quota do atum voador, que foi reforçada para 2453 toneladas, mas apesar desta ser uma boa notícia para a Região, não era a notícia que a Federação das Pescas dos Açores mais esperava, uma vez que a quota do atum patudo mantém-se inalterada para 2024.
Isto porque, quer o atum patudo, quer o atum voador, são espécies vendidas em fresco para mercados de exportação como Espanha e Itália, com grande valor em lota.
Contudo, enquanto o patudo é uma espécie que aparece regularmente nos Açores e garante um bom nível anual de capturas e rendimento, o voador é bastante mais irregular e para se ter um exemplo dessa irregularidade, basta dizer que a quota desta espécie foi esgotada em 2020 e 2021, mas nos dois anos seguintes não esgotou, porque o voador apareceu em menor quantidade nas águas açorianas.
Já o bonito, espécie de atum utilizada para conservas, é por enquanto ainda uma espécie não sujeita a quotas anuais nos Açores, mas o seu valor também é menor.
Em declarações ao Açoriano Oriental, o presidente da Federação das Pescas dos Açores, Gualberto Rita, reconhece que o aumento de 25% na quota do atum voador “é um dado positivo”, mas “registamos como negativo o facto de não termos notícias em relação ao aumento da quota do patudo”.
Conforme salienta Gualberto Rita, “estávamos na expectativa que houvesse pelo menos um aumento de quota para as Regiões Ultraperiféricas” como os Açores e Madeira, mas o que acabou por suceder foi a confirmação pelo Conselho de Ministros de Agricultura e Pescas da União Europeia da indicação que já tinha saído da Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico (ICCAT) no sentido de se manter em 2024 a mesma quota do patudo que tinha sido fixada para este ano.
O presidente da Federação das Pescas dos Açores lembra que a quota de 2600 toneladas de atum patudo fixada para os Açores e Madeira terminou neste ano no final do mês de maio, levando a que as embarcações deixassem de pescar.
Por isso, lamenta Gualberto Rita, “se dividirmos as 2600 toneladas pela frota que temos, seja nos Açores, seja na Madeira, estamos a falar em quantidades muito reduzidas por embarcação, o que pode tornar insustentáveis algumas empresas que têm atuneiros e que precisam muito de quota para se poderem sustentar”.
Refira-se que Portugal obteve em Bruxelas no Conselho de Ministros de Agricultura e Pescas da União Europeia um aumento das quotas para várias espécies, de que são exemplos o carapau, a pescada ou o tamboril. Contudo e conforme explicou Gualberto Rita ao Açoriano Oriental, com a exceção do atum voador, as espécies que tiveram ontem aumentos de quota de captura para Portugal “não têm qualquer impacto no setor da pesca nos Açores, uma vez que são espécies que não são capturadas na Região”.
Fonte: Açoriano Oriental, 13 de dezembro de 2023