Quebra nas exportações e no consumo traz dificuldades aos pescadores

O sector das pescas está a ser fortemente afetado com a pandemia do covid-19. Jorge Gonçalves, presidente da associação de Produtores de Espécies demersais dos açores (APEDA), explica que uma forte quebra nas exportações e do consumo no mercado regional e local está a provocar muitas dificuldades aos armadores e às suas empresas.

Jorge Gonçalves fala de uma quebra de 34 por cento no peso e de 53 por cento no valor monetário, quando se compara o período entre 1 de março e 16 de abril deste ano a igual período do ano passado.

Uma quebra que, afirma, ainda se acentua mais e que atinge um valor entre os 60 e os 70 porcento do valor monetário se se excluir as capturas do chicharro e da lula, ou seja se em causa estiver apenas a captura das espécies demersais.

Quebras relacionadas com a retração de mercados muito afetados pelo covid-19, como é o caso do mercado italiano e do mercado espanhol e do próprio mercado continental. o consumo regional e local também tem sido bastante atingido, por influência da crise no sector do turismo que afeta sectores como a restauração e, por outro local, pela retração dos locais provocada pela imprevisibilidade sobre o que vai acontecer, havendo uma maior procura de conservas em detrimento do peixe fresco.

Apesar de algumas embarcações já terem parado com a sua atividade, existem ainda outras que continuam a trabalhar permitindo o abastecimento do mercado local e regional e manter alguma presença em mercados exteriores. Uma presença que Jorge Gonçalves considera importante para que se mantenham abertos os circuitos de comercialização.

O maior receio do presidente da APEDA prende-se com o que vai acontecer nos próximos meses. Embora prevendo que haja algumas melhorias à medida que as economias comecem a regressar à normalidade, não vislumbra que essa retoma regresse facilmente àquilo que era o mercado antes do inicio da pandemia.

No que diz respeito aos apoios anunciados pelo Governo Regional, Jorge Gonçalves salienta que o FUNDOPESCA já está a ser pago, mas refere, por outro lado, que o sector também é constituído por armadores e pelas suas empresas e é aqui que considera que mais alguma coisa deve ser feita, caso contrário estas empresas vão passar por muitas dificuldades.

«Em muitas empresas do sector das pescas não entrou um cêntimo desde meados do mês de março», adianta o presidente da APEDA, referindo que de momento não existem apoios específicos para estas empresas a não ser para um apoio de 20 milhões anunciado pelo Governo da república. Um apoio que duvida que chega às empresas dos Açores.

Fonte: Incentivo