Quota do goraz destinada à Região com mais 66 toneladas este ano

Governo recebeu a comunicação do aumento de 11% por parte das instâncias comunitárias. FPA aplaude e secretário pede entendimento.

O Governo Regional anunciou ontem qua a quota do goraz para este ano será aumentada em 66 toneladas, o que significa que a quota total para a Região daquela espécie, comercialmente mais cotada, será de 666 toneladas em 2022, isto é mais 11 por cento que em 2021.

Para a Secretaria Regional do Mar e das Pescas (SRMP), trata-se de “uma excelente notícia” avançada pelas instâncias comunitárias, anunciando agora conversações com todos os representantes dos pescadores quanto à repartição trimestral da quota do goraz – um tipo de gestão que divide, pois há associações que concordam e outras que não, como é o caso da própria Federação das Pescas dos Açores (FPA), que defende uma pesca livre pelo facto da quota anual não ser atingida no arquipélago.

Por seu lado, o presidente da FPA, Gualberto Rita, regista positivamente o reforço da quota do goraz que, no fundo, “repesca” quota não esgotada há dois anos pela Região, vaticinando que a mesma será disponibilizada lá mais para finais de 2022, o que representará nessa altura uma boa alavancagem económica para o setor.

Já para o SRMP, Manuel São João, esta conquista reforça a necessidade do processo ter “uma maior corresponsabilização de todos os intervenientes”. O que é o mesmo que dizer entendimentos alargados entre governo, associações e armadores para uma melhor gestão da quota.

A proposta da Secretaria para este ano passa por uma repartição trimestral das 600 toneladas de quota anual, mediante uma repartição por ilha conforme o histórico de capturas, destacando que “a opção recaiu no pressuposto de garantir maior rendimentos aos armadores atribuindo um maior volume das possibilidade de pesca em épocas do ano em que o goraz é mais valorizado”.
Acontece que a quota estabelecida para o goraz esgotou no primeiro trimestre de 2022, mais propriamente no início do mês, devido a condições meteorológicas excecionais.

Manuel São João lembra que “a Federação das Pescas dos Açores entende que a repartição trimestral deve ser expurgada e que existe maturidade suficiente das associações e dos armadores para a gestão da quota”, sendo, por essa razão, que “agora vamos ouvir todos os representantes dos pescadores porque nem todos partilham da posição da Federação”.

Manuel São João afirma que o executivo continua a ter o entendimento de que a repartição trimestral tenderia a ser mais favorável, ressalvando, todavia, que “se o setor associativo entender que a solução deve ser outra, estamos aqui para ouvir e decidir”. “Cabe ao Governo, em parceria com os legítimos representantes do setor, definir as regras para que as capturas de determinadas espécies, incluindo as do goraz, possam assegurar uma sustentabilidade económica mas também social. A responsabilidade tem de ser conjunta, mas não se pode dar o dito pelo não dito”, alerta.

Fonte: Açoriano Oriental
17 de março de 2022