Covid-19: Comunidade piscatória de Rabo de Peixe quer reabertura da lota local

O presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, no concelho açoriano da Ribeira Grande, defendeu este sábado a reabertura do serviço de lota do porto de pescas local, garantindo-se as condições sanitárias face à pandemia da covid-19.

De acordo com o autarca Jaime Vieira, citado em nota de imprensa, face ao desconfinamento em curso nos Açores “é importante começar a pensar na reabertura da lota em Rabo de Peixe, com o seu devido plano de contingência, para que se volte efetivamente à anterior normalidade”.

A freguesia de Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, constitui a maior comunidade piscatória dos Açores, considerando o autarca que o fecho da lota na altura mais crítica da pandemia “foi necessário, pois a saúde está sempre em primeiro lugar”, mas que “agora é o momento de reabrir esta importante ferramenta de apoio e resposta ao setor das pescas”.

“O maior porto de pescas da região, onde estão 40% de todos os pescadores dos Açores, precisa da reabertura da lota, visto que esta é essencial em termos de rendimentos para os pescadores locais. Atualmente, os pescadores terminam a sua faina duas a três horas mais cedo que habitual, para poderem enviar o peixe para a lota de Ponta Delgada. Se o pescado chegar depois da hora, o custo do transporte é da responsabilidade do armador”, explicou.

Para Jaime Vieira outra vantagem em ter a lota de Rabo de Peixe operacional é “aliviar a de Ponta Delgada, que já registou vários atrasos no leiloamento do pescado, especialmente nesta época de pesca de atum”.

O autarca afirma que com a abertura da lota de Rabo de Peixe, poderá haver uma “regularização do movimento de transporte de lula, pois das cerca de 60 embarcações que fazem aquela pesca 50 pertencem a Rabo de Peixe e apenas 10 a Ponta Delgada”.

O Sindicato Livre dos Pescadores, Marítimos e Profissionais Afins dos Açores já havia pedido a reativação em pleno da lota de Rabo de Peixe, alegando a premência desta medida para os pescadores, sobretudo quando os Açores encontram-se sem casos ativos de infeção por covid-19.

“A situação de vigência da covid-19 referente a medidas restritivas, implementadas na Lota de Rabo de Peixe, há já cerca de dois meses, limitou sobremaneira a operacionalidade daquele centro de vendagem de pescado, principalmente da espécie lula”, declara o líder do sindicato, Luís Carlos Brum, queixando-se do funcionamento a tempo parcial da lota, cujo horário apresenta “pouca coordenação” com a atividade dos pescadores.

Luís Carlos Brum refere que a lota se encontra “muitas vezes fechada na vila piscatória, fazendo com que a atividade e o produto da pesca local acabem por ficar centralizados na lota de Ponta Delgada, “com consequências nefastas para as 96 embarcações existentes em Rabo de Peixe, apesar de alguns não operarem neste porto”.

Duas dessas consequências são as despesas “redobradas” de transportes e a própria prática de ilegalidades resultantes do facto dos homens do mar não terem guias de circulação do peixe.

Rabo de Peixe é a freguesia mais populosa do concelho da Ribeira Grande, na costa norte de São Miguel, com uma população muito jovem.

Os mais recentes censos, de 2011, contam 8.866 habitantes, mas Jaime Vieira diz que a vila soma já mais de 9.000 pessoas.

Os Açores não registaram nas últimas 24 horas novos casos positivos de covid-19 e a região continua sem qualquer caso ativo, anunciou a Autoridade de Saúde Regional, sendo que até à data foi detetado um total de 147 casos na região: 130 recuperaram, 16 morreram, e um voltou ao continente.

Portugal contabiliza pelo menos 1.505 mortos associados à covid-19 em 36.180 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Fonte: Açoriano Oriental